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Casamento infantil: Um terror silencioso

  • Foto do escritor: Tainara Vasconcellos
    Tainara Vasconcellos
  • 26 de mar.
  • 3 min de leitura

O casamento infantil é a união formal ou informal antes dos 18 anos. O Brasil é o 4º país

no ranking mundial de casamentos infantis.

De acordo com o IBGE, 554 mil meninas entre 10-17 anos estão casadas no Brasil, das quais 70 mil são crianças entre 10 -14 anos.


Em sua maioria, os parceiros são homens adultos e os casamentos são informais. Logo, estamos falando de exploração sexual infantil em boa parte dos casos.


No Brasil, 11% das mulheres se casaram até 15 anos e 36% antes dos 18 anos.



Quais as características do casamento infantil no Brasil?


- Ambiente familiar instável e/ou violento que faz as meninas buscarem refúgio em relacionamentos amorosos.


-Falta de carinho: Meninas tendem a buscar carinho em relações afetivo-sexuais. Como acreditam que nunca serão amadas por quem são, estar disponíveis sexualmente é uma forma de receberem cuidados, afeto, abraço, o que muitas mulheres chama de mimo por acharem que é mais do que deveriam receber.


- Naturalização da situação: a mãe e a avó passaram pela mesma coisa.


- Pobreza: A maioria das meninas vive em situação de vulnerabilidade financeira, sendo consideradas até um peso para a família. Logo, o casamento é uma forma de ser menos uma boca para alimentar na casa dos pais. Além disso, o marido pode auxliar financeiramente a família da menina.


- Segurança financeira: O namorado é (ou diz que vai ser) o provedor e dá sensação de segurança e estabilidade. 


- Controle: Meninas são mais fáceis de controlar e moldar do que mulheres. Esses homens buscam bonecas, não companheiras.


- São meninas fora do padrão de beleza: Não se sentem ou não vistas como bonitas, por isso, acham que é um privilégio um homem que goste e queira se casar com elas. Eles dizem que vão “cuidar” delas, em tom paternal, fornecendo um cuidado que nunca receberam.


- Troca de parceiras: Homens que trocam frequentemente de parceiras e têm filhos com várias delas como forma de marcar território e mostrar sua potência sexual (engravidam e largam) e só falam de sexo na tentativa de provar que são homens.



Consequências do casamento infantil 


- Gravidez precoce: complicações na gravidez e parto são a maior causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. 


- Violência obstétrica: por serem muito novas, muitas equipes médicas são crueis com as meninas com a máxima de que "se fez, tem que aguentar".


Entre 1994 e 2018, o Brasil registrou o nascimento de 655.836 bebês gerados por meninas de 10 a 14 anos. 51% negras.

Homens ADULTOS são maioria dos pais de crianças que nascem de mães adolescentes. 


- Evasão escolar: A maioria abandona os estudos a pedido do marido, pela gravidez ou por não conciliarem a rotina com os cuidados da casa. Isso diminui suas possibilidades continuidade dos estudos, de conseguirem um bom emprego e de ascensão social. Elas ficam mais vulneráveis economicamente e não conseguem se recolocar no mercado.


-Intensificação do trabalho doméstico.


- Maior risco de viver uma relação abusiva ou sofrer violência doméstica.


"Quando a menina vive em situação de pobreza, ela enxerga o casamento como uma forma de mobilidade social. Em casos de perda da virgindade ou gravidez, o casamento aparece como uma maneira de recuperar a honra. Quando a menina vive em um lar de grande violência doméstica, ela sai de casa em busca de emancipação. Ainda, nos casos religiosos, a menina se casa por conta do dogma em relação ao sexo.” - Viviane Santiago, gerente de gênero e incidência política da Plan Internacional BR



No Brasil:


Entre 2004 e 2018 a lei brasileira permitiu: 1.284 casamentos de meninas de até 15 anos, onde 78% foram com homens adultos.


Até 2005: Estuprador de vulnerável podia se casar com a vítima para ter a pena extinta.

 

Até 2019 o casamento com menor de 16 anos era permitido em casos de gravidez. 


Pelo código penal, relação com menor de 14 anos é estupro de vulnerável e mesmo assim a maioria de crianças casadas tem até 14 anos. Cadê o Estado para fiscalizar e prender os criminosos?


Como uma política pública de abstinência dá conta disso se ela foca em crianças e adolescentes como o problema?


Se o interesse de adultos por crianças e adolescentes é NORMAL, por que não vemos mulheres de quase 30 anos lutando para se relacionarem/casarem com meninos de 13, 14 anos? Que assunto uma pessoa adulta tem em comum com um adolescente para que possam se relacionar no mesmo nível sem que um esteja ensinando ao outro? 


Um casamento não santifica uma relação pedofílica. Adultos não se relacionam romanticamente com crianças e adolescentes, eles se aproveitam delas.

 
 
 

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